vou contar um conto, vou chamá-lo de canto da ausência.
ela já sentia gelada a água. sentia o frio e o suor do estômago gota a gota crescerem dos pés em direção ao tornozelo, cintura e esmalte vermelho. água de poça, de transborda, de borda de rio.
podia naquele instante parar e saltar, alcançar o espaço quente, o lugar firme do casaco no corpo e do alívio no ranger dos dentes.
escolheu ficar. estática. gelando.
além, escolheu de dentro buscar pouco a pouco o carinho pulsante, o calor latente, colar di-amantes perdido no lago sereno, na mesa do café, no olhar da troca.
colheu tudo o que pode no tempo que lhe restava, colheu os sorrisos, os gestos, o aperto no peito, a atenção recebida e toda a paixão, enfim, erguida.
juntou cada pedaço re-encontrado e montou com um ou dois movimentos um abrigo. quente tão quente que aquela água parecia ser só uma armadilha pra ela não continuar, e deixá-la sem experimentar a sensação mais mágica de sua vida, o que chamo aqui de Encontro. todo o resto assim lhe parecia pequeno perto disso. ilusões e devaneios de uma cabeça inchada.
fixou no que tinha em mãos, em mente, a frente, em volta, nos pés, na alma. sentiu uma paz imensa e uma vontade de ser mais. com tudo somado tinha certeza da passageira tempestade, certeza de que era apenas uma passageira sem aviso prévio, alguém que descobre como se sente a vida com cada poro do tempo. em cada poro do corpo.
foi quando quis compartilhar, contar do que tinha visto e sentido. quis falar da plenitude, do amor suave, da conquista da intimidade, do casaco grosso que tinha esquecido no armário. que agora podia emprestá-lo, ser com ele.
e foi que a água sem mais espera, inquietante, subiu subiu subiu, deixou seus braços, pernas e seu abrigo batendo, procurando saída, procurando uma voz alta que pudesse falar tudo antes do tudo. mas tal água densa sem enfim, sem conseguir escutar, congelou-a toda. deixou afogada todas as suas descobertas e seu sonhos encontrados.
ali naquele instante.
não. vou chamá-lo de canto da saudade.
ela já sentia gelada a água. sentia o frio e o suor do estômago gota a gota crescerem dos pés em direção ao tornozelo, cintura e esmalte vermelho. água de poça, de transborda, de borda de rio.
podia naquele instante parar e saltar, alcançar o espaço quente, o lugar firme do casaco no corpo e do alívio no ranger dos dentes.
escolheu ficar. estática. gelando.
além, escolheu de dentro buscar pouco a pouco o carinho pulsante, o calor latente, colar di-amantes perdido no lago sereno, na mesa do café, no olhar da troca.
colheu tudo o que pode no tempo que lhe restava, colheu os sorrisos, os gestos, o aperto no peito, a atenção recebida e toda a paixão, enfim, erguida.
juntou cada pedaço re-encontrado e montou com um ou dois movimentos um abrigo. quente tão quente que aquela água parecia ser só uma armadilha pra ela não continuar, e deixá-la sem experimentar a sensação mais mágica de sua vida, o que chamo aqui de Encontro. todo o resto assim lhe parecia pequeno perto disso. ilusões e devaneios de uma cabeça inchada.
fixou no que tinha em mãos, em mente, a frente, em volta, nos pés, na alma. sentiu uma paz imensa e uma vontade de ser mais. com tudo somado tinha certeza da passageira tempestade, certeza de que era apenas uma passageira sem aviso prévio, alguém que descobre como se sente a vida com cada poro do tempo. em cada poro do corpo.
foi quando quis compartilhar, contar do que tinha visto e sentido. quis falar da plenitude, do amor suave, da conquista da intimidade, do casaco grosso que tinha esquecido no armário. que agora podia emprestá-lo, ser com ele.
e foi que a água sem mais espera, inquietante, subiu subiu subiu, deixou seus braços, pernas e seu abrigo batendo, procurando saída, procurando uma voz alta que pudesse falar tudo antes do tudo. mas tal água densa sem enfim, sem conseguir escutar, congelou-a toda. deixou afogada todas as suas descobertas e seu sonhos encontrados.
ali naquele instante.
não. vou chamá-lo de canto da saudade.
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