22 de setembro de 2009

hoje dancei com a cabeça
pesado. transcend-essa:

"eu era ar e tempo, eu era ar e tempo, espaço vazio, tempo
eu era ar e tempo, espaço vazio
eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo
e gases puro, assim
eu era ar e tempo

eu não tinha formação
não tinha formatura
não tinha onde fazer cabeça
fazer braço, fazer corpo
fazer orelha, fazer nariz
céu da boca, falatório
fazer músculo, fazer dente

eu não tinha onde fazer nada dessas coisas
pensar em alguma coisa
ser útil, inteligente, ser raciocínio, fazer cabeça
não tinha onde tirar
eu era espaço vazio
eu não sei como é que pode formar uma cabeça
um olho enxergando, nariz respirando
boca com dentes
orelhas ouvindo vozes
pele, carne, ossos
altura, largura, força

pra ter força

O que é preciso fazer?
tomar vitamina
é preciso vitamina..."

18 de setembro de 2009

pablo neruda

"Talvez não ser é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio dia
com uma flor azul, sem que caminhes
mais tarde pela névoa e os ladrilhos,

sem essa luz que levas na mão
que talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém soube que crescia
como a origem rubra da rosa,

sem que sejas, enfim, sem que viesses
brusca, incitante conhecer a minha vida,
aragem de roseira,trigo do vento,

e desde então, sou porque tu és
e desde então és, sou e somos
e por amor serei, serás, seremos…" P Neruda

o amor em sonetos parece mais simples, mais direto, sem vacilo.
caminho reto que leva sem voltas, sem revoltas aos desabafos do coração

em silêncio medita...

10 de setembro de 2009

vi algo que não caberia aqui, nao caberia em mim. tem saudade que avança no tempo, não há suicídio nem batismo que a mude de cômodo.
tem um tanto de sentir meu guardado em algum canto da minha casa antiga. em roupas que nunca mais dancei.
deixo à margem do inteligível. se eu embrulhar todo o tempo passadonopresentemeufuturo com papel de pão amanhecido,
amanhece em você a mesma hora? o mesmo guarda-roupa? a mesma lembrança?

quem sabe a esperança me responda...

9 de setembro de 2009

2 de setembro de 2009

como se fosse a primavera

"e de que modo sutil me derramou na camisa todas as flores de abril"

1 de setembro de 2009

você

gosto da sua terra
porque também é minha
gosto das montanhas
porque repousa paciente minha morada
o mesmo rio percorrendo o tecido das nossas lembranças
gosto da sua terra, do tecido que dá sua forma, seu sorriso
porque me aterra. e me desperta
encolhe a estrada que me carregou
e traz de volta o meu mais eu. o meu mais nosso.
perto

se eu rio, meu rio é seu...