27 de maio de 2011









sem acento e pontuacao.

quando nos envolvemos com alguem que nao nos cabe. nao eh nossa medida. nao a medida fisica, essa eh simples de caber. mas a medida das ideias e da danca. do sentir a vida. essa nao vende na farmacia como comprimidos do dia seguinte. entao, quando aquele que chega e brilha alguma coisa, intuicao de uma aproximacao de almas de olhares gratuitos , vem comendo e aquecendo por dentro a vontade de ir mais dentro e ser quase um de dois.
quanto tempo demoramos pra perceber as diferencas? elas estao ali desde o comeco apontando e gritando, so tinhamos medo de mirar e perder possiveis encontros e relacionamentos. engano. como doi enganar-se. nao engano mais, o que sentir desde ja bem dentro la no peito eh verdade e diz mais.

e pelo que me chega devagar, te sinto, tanto, tanto, o olho na mesma direcao. desde a alma ate a pele mais fora de mim.

me quero alerta
Hilda Hilst

”Contente. Contente do instante
Da ressurreição, das insônias heróicas
Contente da assombrada canção
Que no meu peito agora se entrelaça.
Sabes? O fogo iluminou a casa.
E sobre a claridade do capim
Um expandir-se de asa, um trinado

Uma garganta aguda, vitoriosa.

Desde sempre em mim. Desde
Sempre estiveste. Nas arcadas do Tempo
Nas ermas biografias, neste adro solar
No meu mudo momento

Desde sempre, amor, redescoberto em mim.“




”Senhoras e senhores, olhai-nos.
Repensemos a tarefa de pensar o mundo.
E quando a noite vem
Vem a contrafacção dos nossos rostos
Rosto perigoso, rosto-pensamento
Sobre os vossos atos.

A muitos os poetas lembrariam
Que o homem não é para ser engulido
Por vossas gargantas mentirosas.
E sempre um ou dois dos vossos engulidos
Deixarão suas heranças, suas memórias

A IDÉIA, meus senhores

E essa é mais brilhosa
Do que o brilho fugaz de vossas botas.

Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga.

A IDÉIA é ambiciosa e santa.
E o amor dos poetas pelos homens
é mais vasto
Do que a voracidade que nos move.
E mais forte há de ser
Quanto mais parco

Aos vossos olhos possa parecer.“





Cantando amor, os poetas na noite
Repensam a tarefa de pensar o mundo.
E podeis crer que há muito mais vigor
No lirismo aparente
No amante Fazedor da palavra

Do que na mão que esmaga.

A IDÉIA é ambiciosa e santa.
E o amor dos poetas pelos homens
é mais vasto
Do que a voracidade que nos move.
E mais forte há de ser
Quanto mais parco

Aos vossos olhos possa parecer.


que lindo deusinho que lindo
como amo o ser humano
o seu humano



25 de maio de 2011

ao mestre da saudade

O amor

Wladimir Mayakovsky (1923)
(Tradução de Haroldo de Campos)

Um dia, quem sabe,
ela, que também gostava de bichos,
apareça
numa alameda do zoo,
sorridente,
tal como agora está
no retrato sobre a mesa,
Ela é tão bela,
que, por certo, hão de ressuscitá-la.
Vosso Trigésimo Século
ultrapassará o exame
de mil nadas,
que dilaceravam o coração.
Então,
de todo amor não terminado
seremos pagos
em enumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me,
nem que seja só porque te esperava
como um poeta,
repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me,
nem que seja só por isso!
Ressuscita-me!
Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos,
concupiscência,
salários.
Para que, maldizendo os leitos,
saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.
Para que o dia,
que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.
E que, ao primeiro apelo:
- Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.
Para viver
livre dos nichos das casa.
Para que
doravante
a família
seja
o pai,
pelo menos o Universo;
a mãe,
pelo menos a Terra.

13 de maio de 2011

lento pro chão antes do tempo
não rachar
e não te vazar fazendo guardanapo dos meus dedos
tento o quanto me tente manter o tato

em você
tem poesia em você
e me encanta te ler
me encanta te ler

me encanta te ler..

carrego suas estrofes de você no olhar
quero o amor fazendo cócegas na minha língua
quero a tinta fazendo filho no meu ventre
mas deixo o tudo no silêncio
pra não vazar a rima
pra te fazer liga colorida.

só não caçoe da minha falta de talento pra malícia
sou poesia nela..
e saliva
que guardo e te farto.