30 de abril de 2009

qualquer semelhança não é mera coincidência

“O capitalismo moderno necessita de homens que cooperem sem rebeldia e em grande número; que queiram consumir cada vez mais e cujos gostos sejam padronizados e possam ser facilmente influenciados e previstos. Ele necessita de homens que se sintam livres e independentes, não sujeitos a nenhuma autoridade, princípio ou consciência, embora queiram fazer o que deles se espera, queiram integrar-se na máquina social sem atritos; de homens que possam ser guiados sem força, conduzidos sem líderes, impelidos sem objetivo explícito, salvo o de fazer o que lhes é exigido, ativar-se, funcionar, ir em frente...

Qual o resultado? O homem moderno alienou-se de si mesmo, de seus semelhantes e da natureza. Ele foi transformado numa mercadoria, experimenta suas forças vitais como um investimento que precisa lhe proporcionar o maior lucro capaz de ser obtido nas condições de mercado existentes. As relações humanas são essencialmente as relações entre robôs alienados, cada um dos quais baseia sua segurança em ficar junto ao rebanho, e não ser diferente dele em pensamento, sentimentos e atos.

Embora todos procurem ficar o mais junto possível do resto, todos permanecem absolutamente sós, invadidos pelo profundo sentimento de insegurança, ansiedade e culpa que surge quando o estado de separação humana não pode ser superado.

Nossa civilização oferece vários paliativos que ajudam as pessoas a não tomar consciência de sua solidão. O primeiro deles é a estrita rotina de trabalho burocratizado e mecânico, que ajuda as pessoas a permanecerem inconscientes de seus desejos humanos mais fundamentais, do anseio de transcendência e unidade. Se a rotina não consegue fazê-lo, o homem supera seu desespero inconsciente com a rotina das diversões, o consumo passivo dos sons e imagens oferecidos pela indústria do entretenimento, e também com a satisfação de comprar todas as novidades e logo trocá-las por outras. (...)

Divertir-se consiste na satisfação de consumir mercadorias, imagens, comida, bebidas, cigarros, gente, conferências, livros, filmes – tudo é consumido, engolido. O mundo é um grande objeto para o nosso apetite, uma grande maçã, uma grande garrafa, um grande peito em que mamamos, em eterna espera, sempre esperançosos - e eternamente desapontados. Nosso caráter está equipado para trocar e receber, barganhar e consumir. Tudo, seja espiritual, seja material, se torna objeto de troca e de consumo."

Erich Fromm


“Todo mundo é feliz hoje em dia” Huxley
*
afinal, fique feliz, com o novo pacote habitacional vai chover empregos!

27 de abril de 2009

21 de abril de 2009

de olho no pé

rugas vem com os 30
as chuvas eu guardo nos olhos
das tardes mostro os dentes
à noite me sujo
de um suor limpo

16 de abril de 2009


esperemos

"Há outros dias que não tem chegado ainda,
que estão fazendo-se
como o pão ou as cadeiras
ou o produto das farmácias ou das oficinas
- há fábricas de dias que virão -
existem artesãos da alma
que levantam e pesam e preparam
certos dias amargos ou preciosos
que de repente chegam à porta
para premiar-nos
com uma laranja
ou assassinar-nos de imediato"

pablo neruda

14 de abril de 2009

cê já viu cisco de olho engasgá?

fiqueigagaquandovi

8 de abril de 2009

24horas

tempo não tenho,
nem o te o eme e o po
poe-opoe-o-poe
t e m p o há q u a n to tempo me opoe?
tem tanto pra o por
temnão, tempão, tempõe
põe tem no po
tenho tempo enTÃO






6 de abril de 2009

eles casarão, eu casa minha