se tudo que fazemos está impresso em algum canto
qual canto rima com o do sabiá?
23 de outubro de 2008
22 de outubro de 2008
dos sabores e dos sonhos
levo da vida o que leve passeia em minhas lembranças
aquilo que pousa suave,
imagens coladas nas pálpebras semi-abertas que quando, durante à noite, em que a vida toma da face negra vontades encolhidas,
descongelam, ramificam-se, agitam-se,
descolam pra serem movimentos coloridos
silhuetas perfeitas de experiências não vividas
instigando em contínuas sublimes metamorfoses
meus desejos calados, murmúrios escondidos
toques esquecidos ...
olhares e ângulos ofuscados pela claridade do dia ...
aquilo que pousa suave,
imagens coladas nas pálpebras semi-abertas que quando, durante à noite, em que a vida toma da face negra vontades encolhidas,
descongelam, ramificam-se, agitam-se,
descolam pra serem movimentos coloridos
silhuetas perfeitas de experiências não vividas
instigando em contínuas sublimes metamorfoses
meus desejos calados, murmúrios escondidos
toques esquecidos ...
olhares e ângulos ofuscados pela claridade do dia ...
18 de outubro de 2008
par-seria
Durante o percurso já não havia mais tronco deitado, pedra de riacho ou papel sem linha, folha de caderno pendurada em árvore que dá manga.
Tudo parecia inédito, retido nos olhos como a primeira e única vez, parceria de terra e ser, chão e vento.
Tudo parecia inédito, retido nos olhos como a primeira e única vez, parceria de terra e ser, chão e vento.
14 de outubro de 2008
dois animais metafísicos
"(..) A primeira é a "estátua sensível" de Condillac. Descartes professou a doutrina das idéias inatas; Etienne Bonmot de Condillac, para refutá-lo, imaginou uma estátua de mármore, organizada e proporcionada como o corpo de um homem e habitada por uma alma que nunca houvesse percebido ou pensado. Condillac começa por conferir um único sentido à estátua: o olfativo, talvez o menos complexo de todos. Um cheiro de jasmim é o princípio da biografia da estátua; por um instante não haverá senão esse aroma no universo, que, um instante depois, será cheiro de rosa e, depois, de cravo. Se houver na consciência da estátua um único perfume, já teremos a atenção; se perdurar um perfume quando houver cessado o estímulo, teremos a memória; se uma impressão atual e uma do passado ocuparem a atenção da estátua, teremos a comparação; se a estátua perceber analogias e diferenças, teremos o juízo; se a comparação e o juízo voltarem a ocorrer, teremos a reflexão; se uma lembrança agradável for mais vívida que uma impressão desagradável, teremos a imaginação. Engendradas as faculdades do entendimento, as da vontade surgirão depois: amor e ódio (atração e aversão), esperança e medo. A consciência de ter atravessado muitos estados dará à estátua a noção abstrata de número; a de ser perfume de cravo e ter sido perfume de jasmim, a noção do eu. (..) "
Jorge Luis Borges
Jorge Luis Borges
8 de outubro de 2008
7 de outubro de 2008
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